O Tempo do Povo




Há momentos singulares na história de um país. Momentos em que um povo, sem o ter desejado, pode ter de tomar o seu destino, nas próprias mãos e actuar, para ter o que quer.

As últimas mudanças, movimentos que alteraram rumos políticos e sociais, e económicos, com consequência, que inverteram tendências ou inércias, através de Golpes de Estado, ou de Governo, ou de uma mais profunda e transformadora Revolução, foram quase sempre protagonizados por figuras destacadas na nossa vida politica nacional.

Quando uma alteração de governação ou de Regime  se (consegue) pode dever a um genuíno movimento popular, se alguma vez tal sucedeu na (História e não se trata de utopia...), as consequências são bem distintas. Pode suceder que a governação tenha mais dificuldade em encontrar estabilidade, mas o movimento popular ‘institui’ um sentimento comum, de base, que perdura por muitos mais anos do que, ao invés, o logra um outro, de elites ou de um grupo diferenciado. Não tendo sido este o processo de alteração de Regime em Portugal, não estou certo de se não se sofre hoje, com muito desinteresse e apatia populares, mais do que seria desejável e necessário. Mas o caso não é apenas português. E com a realidade existente é que temos de lidar.

Por outro lado, ou parcialmente em consequência do antes exposto, há hoje o sentimento generalizado de que talvez este Portugal não seja bem um pais normal. O mais antigo da Europa, é também o mais iletrado, onde o povo menos informado, interessado e empenhado na vida comum demonstra estar. Até um dia, provavelmente...

Quando Sampaio demitiu Santana Lopes, dissolvendo a Assembleia da República, o estado do pais era bem mais sólido, mais saudável e promissor. Não havia a agitação de hoje, uma agitação silenciosa e envergonhada, de tanta e tanta gente que, tenho votado Sócrates, não sabe ainda hoje, como o fez, porque o fez, e como dará a volta ao texto, sem perder a cara. Mas afinal, num pais de mais de dez milhões, apenas pouco mais de dois milhões votaram Sócrates, para tanto bastou para que fosse hoje, de novo, para nosso grande mal e desgraça comum, Primeiro-ministro.

Quando Sampaio cometeu tal erro e insensatez, ou abuso, não estava o país numa situação económica como hoje se encontra, sem futuro e empenhado até a enésima geração. Com as Finanças num caos, ainda que com estatísticas bem fabricadas (por novos processos de cálculo, muito oportunos e convenientes e sempre favoráveis ao Governo), com as finanças familiares em vizinhança de bancarrota e as do Estado a caminho. Não tínhamos uma sociedade amordaçada e manipulada, por uma Comunicação Social onde escapam dois ou três órgãos apenas, e ainda...manipulada pelos Tribunais e Órgãos Judiciais eleitos ou nomeados por Sócrates, Entidades Reguladoras despesistas e inúteis, mas muito úteis ao Governo, estatísticas elaboradas com o propósito de servir os interesses desse não-engenheiro incompetente mas esperto, mafioso e anti-democrático.

Mas hoje necessitaríamos de uma espécie de Sampaio de sinal diverso, para que este Governo desaparecesse ou desistisse de nos degradar e sonegar o futuro, individual e comum.

Num pais em que as vozes de quem sente as dificuldade e não vislumbra nada de bom num horizonte de futuro de, digamos, no mínimo uns dez anos (outra ilusão dos nossos desinformados eleitores que julgam que uma pequena medida qualquer de um Governo Sócrates pode vir a inverter a situação e conjuntura actual e, de novo, haver a Promessa de dias melhores...não tendo ideia de que as más medidas do passado recente e do presente, terão consequências desastrosas e perduráveis por uns bons – maus - dez anos ou mais...), não se vê como alguém pode constituir-se de Salvador.

E um dia destes, ou hoje já, resta ao Povo, conhecedor ou não, letrado ou não, tomar o rumo das suas vidas e mostrar-se como é...ou melhor, como ainda não é, de momento, dizendo do que quer e ao que vem, saindo à rua e falando bem alto e inequivocamente, já que Cavaco Silva parece não entender bem o significado de uma calamidade social generalizada que pode vir aí...

Em nenhum país europeu surgiu alguém que tivesse sido e seja suspeito de tantas atrocidades à nossa liberdade comum, ao nosso bem estar, tendo usado do poder que lhe foi conferido para se servir do Estado, como se serviu, e á sua família e amigos, com a complacência ou colaboração de entidades judiciais, gestores de empresas e bancos privados, figuras políticas tidas como respeitáveis...

A vergonha de termos um Primeiro-ministro com esta escandalosa fama de submundista, chefe de uma séria vasta de redes de influências e negócios ilícitos, de manobras de controlo da nossa vida e liberdade, não iguala o desastre de uma sociedade que andou vinte anos para atrás no seu desenvolvimento e se distanciou dos seus parceiros europeus. Uma sociedade hoje mais pobre e com menos futuro do que quando esta criatura chegou ao poder (usando e abusando de mentiras e recursos).

Por enquanto o Povo resiste...ou desiste...

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