O Mistificador




Há sinais que nos indicam que alguém está a desempenhar um papel teatral, a ser completamente um actor, por muito tempo, por largos períodos, ou mesmo por toda a vida. Há pessoas que são prestigitadoras ou mistificadoras, durante todo o seu tempo de exposição exterior, aos outros, à sociedade.


Um desses casos é José Sócrates. Nunca se licenciou, e sabemos todos que nem isso é relevante para se desempenhar um alto cargo político, mas a atitude de persistência na falsidade é, essa sim, de imensa gravidade, tratando-se de um Primeiro-ministro. Nem sabemos a autenticidade do seu bacharelato em Engenharia Técnica, área de Civil, visto que nem à Assossiação de Engenheiros Técnicos pertence e, muito menos, à Ordem dos Engenheiros. No entanto alguém houve, que, Professor de um prestigiado Instituto Superior acreditado, sustentou a tese de Sócrates ter frequentado com elvado aproveitamente (dezassete valores) um Mestrado em Gestão....


Estes factos são, ainda assim, e em si mesmos, pouco relevantes para o Grande Mistificador. O Fabricante de Realidades, em que este PM se tornou.


Quando Secretário de Estado do Ambiente, cargo para o qual não possuía a mínima habilitação, por ser uma função com uma componente de cariz técnico marcante, mal se conseguia exprimir em público, articulando mal e não possuindo algum brilho ou chama que hoje, algumas pessoas, carentes de boa capacidade visual, insistem em outorgar-lhe. Nessa altura, como hoje, que ideias tinha Sócrates? Não se lhe conhece uma só. Mas há que reconhecer o mérito de saber ‘mandar’ e se preparar razoavelmente, apenas porque os opositores se preparavam e ainda preparam, pior, para debates e entrevistas, intervenções de carácter diverso, mas político.


Hoje, este homem, que comprometeu o nosso futuro comum, com uma Dívida Pública verdadeiramente Galáctica, de qualquer coisa como sete vezes superior à que existia no tempo de Cavaco Silva, pretende duas coisas, verdadeiramente antagónicas: fazer Portugal recuperar de uma crise profunda, que, já bem instalada era ainda negada pelo governo em uníssono, e até anunciada por Manuel Pinho- mencione-se que este senhor é professor universitário de Economia...- como já tendo passado (mas também neste momento o Governador do Banco de Espanha, país da mais profunda crise económico-financeira em toda a Europa, com a segunda maior dívida externa do Mundo, atrás dos EUA, afirma que a ‘o pior da crise já passou’, num país que não sairá da crise antes do fim de 2011...) e fazê-lo através de uma espécie de ‘alavancagem’ que, segundo eles permitirão o lançamento de Grandes obras públicas, como o TGV, o novo aeroporto de Lisboa, construcção de novas Auto-estradas em zonas do país tão deprimidas como despovoadas, de gente e de actividades económicas, como o interior do Alentejo. há uma catadupa de Governos que divulgam um disparate perigoso: de que a teoria de Keynes defendia estas grandes obras para se relançar uma economia. Mas Keynes não defendia nada disso e não apontava grandes ou pequenas obras ou investimentos, ou apoios. Preferia até o apoio a pequenas empresas de carácter familiar. E bem sabemos nós como o modelo económico baseado em grandes empresas e impérios está, nesta crise e talvez para o futuro, bem em causa...


Mais, porque agora Keynes e não outras tantas teorias económicas? E Keynes pela boca de quem o repudiava ainda há poucos meses? O próprio Governo PS...


Mas o mais grave e com avaliação ainda difícil no momento é o compromisso do futuro pela via de obras de utilidade duvidosas- das quais, talvez, escape o aeroporto de Lisboa em Alcochete.


A mistificação mais caricata e ridícula, ou mesmo risível, é a de um Sócrates democrático: um homem que constituiu um órgão de acreditação de jornalistas centrado na sua própria pessoa, que centralizou em si o coordenador das polícias- qual Pina Manique do tempo de Pombal, que se esforça por controlar todos os órgãos de comunicação, colocando ‘amigos’, nos mesmos, intimidando com telefonemas, perseguindo até ao afastamento dos profissionais dos respectivos órgãos.


A mistificação de um genuíno arrogante e narcisista, que, escaldado por uma derrota eleitoral, quer dar de si uma imagem nova, de cordeiro e de conciliador, de dialogante, onde nunca antes dialogou, nem conciliou, mas antes instigou ministros(as) contra os seus profissionais!


As reformas, as ditas e famosas (famigeradas) Reformas. A da Educação por exemplo: os professores trabalham o mesmo e da mesma forma. Um sistema de avaliação que não pode excluir profissionais nem lhe promete formação, por manifesta incapacidade e falta de idoneidade técnica para tal, por parte de um ministério a rasar o ignorante: enviam.se para exame alunos com médias de dezassete (17) valores, implicando isso que, assim se desautorize tudo: o Programa da disciplina, o professor, o minist´rio (que admitiu e o mantém e manterá, mesmo após a dita avaliação). Assim, diz-se, orgulhosamente, a todo o mundo que o nosso Ensino serve para fabricar médias, e estatísticas e não para ensinar, porque se a preocupação fosse a aprendizagem e conhecimento, um aluno com média elevada e provas dadas nunca deveria ser enviado a realizar exame no final do ano lectivo, sobre a mesma matéria em que já foi tão satisfatoriamente, avaliado.


Na Agricultura financiou-se ou nem sequer ainda, já que tardam anos a avaliar projectos e depois se cortam ou suspendem as verbas, ficando ano, após ano tudo na mesma, sem evolução, mas o Ministro defende publicamente ‘mais produção’, como se assim se tornasse mais popular, mesmo sem fazer a mínima ideia do que está a falar...


Na Economia e Indústria só se conseguem captar investimentos com recurso a contrapartidas que sempre se escondem da opinião pública, como se o consumo de recursos comuns e públicos fosse apenas do interesse do Ministro e a nós, que lhos enviamos, através de impostos, ninguém tenha de prestar contas.


Nas Finanças aumentam.se impostos, criando assim um antecedente de difícil reversão, que por ser estrutural, que irá estrangular as empresas, as pessoas e o futuro. Mas nada se fez na despesa corrente, e apenas se fez na de investimento que, agora, sim, se pretende inverter, mas já fora de tempo, completamente. A Economia já pouco ‘mexe’...e ficará nesta letargia por muito mais tempo do que o desejável. Esta política financeira tem mais de 80 anos, e vem de ...Salazar- mas este conseguiu diminuir a despesa pública. Hoje, só se diminuiu a despesa pública percentualmente, porque a base económica de incidência é maior, ou seja o PIB, que mesmo crescendo pouco, ou retraindo , como agora, ainda assim tem uma base de cálculo superior. Em valor absoluto a despesa pública, e principalmente a despesa com pessoal, não diminuiu mas sim, aumentou.


Na saúde fez-se a confusão conhecida, de fecho de hospitais e unidades de urgência, num país onde já havia poucas, num total desrespeito por idosos e pacientes com mais dificuldade de deslocação.

Na cultura, nada... ou pela negativa: acabou.se com uma festa da música que custava a ‘enormidade’, segundo o administrador do CCB em Lisboa, cem metros de auto-estrada... e estabeleceu-se um vergonhoso contrato com Joe Berardo para uma colecção que ...enfim...


Na segurança Social, aplaude-se uma reforma que para nada serve, pois se avançarem as obras megalómanas deste Governo- mas também já antes defendidas por outros- o futurp irá consumir os recursos e as obras delapidarão tudo a ponto de a garantia de reforma estar, por esta via, totalmente comprometida: há que pagar a factura de mais de dez mil milhões de Euros, ou seja mais do que o mercado mundial de droga ilícita!


Nos negócios estrangeiros...o escândalo, já abafado do Juiz que tentou manipular a verdade da investigação sobre o ‘caso Freeport’ exigindo que o nome de Sócrates nunca fosse envolvido...e o escândalo do apoio à guerra no Iraque, apoio à CIA e às suas actividades de tortura de prisioneiros...a vergonha da não condenação de Pequim durante os tumultos no Tibete e relacionado com os Jogos Olímpicos... o apoio e ‘amizade’ Sócrates- Hugo Chavez...


Mas em muitos destes ministérios e em muitos outros a postura geral tem sido sempre a do bloqueio ao diálogo, a da prepotência, da gritante incompetência técnica ( um ministério da Educação que pretende reformar o ensino da música e nem um só músico é ouvido ou faz parte da ‘comissão de especialistas’.


Na Economia e no Ambiente, o erro monumental de se instalarem dois parques solares gigantescos, de custos insustentáveis e de garantido prejuízo, pela ineficiente produção energética que ainda hoje é a Energia Solar, com painéis fotovoltaicos de custo muito elevado e vida útil muito reduzida (menos de dez anos, e muito provavelmente pouco mais de cinco...). A desistência irresponsável da Energia Nuclear, com perda, neste caso sim, de anos que nos sairão mais caros, pela inevitabilidade da opção e pelos custos crescentes no futuro.


Enfim, um Sócrates teatral que não convence e que desilude, a quem havia iludido. Um final infeliz para um Governo, para um Partido e para um País.


Prefiro teatro do autêntico, com actores a sério.

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