Lamentável Verão...

(foto A.Bazenga)

Gosto de sentir, pensar e viver positivo. Mas os meus caminhos, ou melhor o trajecto que dou aos meus pés, tem-me levado, muito e muitas vezes por fortes simpatias, encantamentos e grandes esperanças, que tão depressa me fazem sentir esse burburinho e fervilhar mental, como tão logo me deixam cair numa, mais uma desilusão. São flocos de ideias, talvez ja fruto de uma demasiado prematura desistência? Ou não são mais do que manchas de amadurecimento e decadência, num pensamento que talvez nunca tenha conhecido a razoabilidade.


Ouvi dizerem-me de arrogante, ou convencido. Ouvi, ou li, que era uma pessoa especial. Ande em passos largos de confiante triunfo, efémero ou fantasioso, ou siga por aí... em indecisos saltos de pedra em pedra, sou fruto de mim mesmo, mas do que os outros pensam de mim, também.
Afinal, o nosso mundo é a visão que dele temos. E somos outra visão para cada outro.
Mas já quase lamento. E te lamento.


O ar tremeluzente dos primeiros dias de calor, chegou súbito e sem aviso. Dei-me à rua e ao sol, numa ânsia de sentir esta ainda tímida canícula prometida. Fui aos meus sítios do costume, ler, ouvir, observar e escrever. E também registar em digitais imagens novas impressões das minhas vizinhanças visuais. Senti de novo a vontade a crescer em mim. Ri e voltei a rir-me, de me sentir assim.


Esse ar quente indeciso, trouxe-me visões de ti...e de ti...que ficas, por opção, para trás...na parte de trás da minha vida, onde guardo o que mais estimo, mas não me consegue compreender, ou não me soube fazer o teu ideial. Disseste-me algumas vezes que eu o era... e logo me desmentiste em actos e ...profundas, doentias, aterradoras desilusões. E ...quanto a ti... que te imaginei ainda alva de espírito, esperança e intenções...por dentro, tanto ou mais como por fora... se ainda não me desiludi, por inteiro, de ti, foi por não me ter iludido, por completo...


Mas com a desilusão vem essa tristeza que se odeia. E que nunca se aprende.


Quero despedir-me de ti...ilusão e não serei capaz. Mas o mesmo ar quente que te traz a mim, em meu próprio interior, vai, um dia levar-te nos mesmos passos, largos ou curtos, mas leves de nada, de vazio, que foi o que me deste...
Igual a como aqui cheguei,


E lamento...


Não deixarei de te cantar ao ar que me leva até ti...mas não me ouvirás, decerto, e outros tímpanos, um dia, me saberão escutar, levando em passos largos e fortes, como só assim os sei e quero dar.
O que se perde de alguém, não se econtra mais em ninguém ou lado algum.
O que perder de ti, não terás, também de mim.
E esse ar leve, branco e são que te faz pairar nos meus desejos, voando acima de todos os pesos das agruras da vida, como só tu sabes ser...
Esfurmar-te-ás. Um dia.
Ou não.
E lamentarei...
Ou ainda não.
Agora, lamento-te... comigo... apenas.

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