O tempo, a nossa vida e a verdade que não chegamos a conhecer

Ao longo da vida, em cada momento, conhecemos dela o passado e o momento que vivemos. Não há, aparentemente, forma de saber alguma coisa sobre o futuro. Parece lógico, mas talvez não seja bem assim...

Para já, é trivial dizer-se que o nosso passado e presente podem ser estimulantes, indiciadores ou condicionantes do nosso futuro.

Sei do meu passado e vivo e sinto o presente. Do futuro, sei que há vários trajectos possíveis, vários futuros possíveis, mas sem saber bem os mais prováveis. Ou talvez não seja bem assim. O único certo é a morte. Mas o queria escolher para mim é condicionado por parte do meu passado e muito pelo presente.

Será que conhecermos, termos conhecido, as pessoas que nos foram surgindo na vida, e não outras, não dá outras possibilidades ou condicionantes, ou até determina o nosso futuro? O futuro que gostaríamos de ter?
Para mim é claro que tem de haver influência dessas pessoas, já sentida no presente, vivida no passado, recente ou não, mas com existência, possível ou não, mais ou menos provável, no nosso tempo que há-de vir. E o nosso pensamento, positivo que é (sempre positivo. Não há pensamentos negativos, há é negação de pensamentos e opostos. Tentem não pensar num carro amarelo, quando lerem isto...) puxa-nos para querermos ter no nosso futuro as pessoas com quem estivemos bem e não desejarmos as outras, que nos trouxeram coisas menos boas.

Mas o problema é, no presente, sabermos avaliar correctamente, quais as influências e até os momentos bons e maus. Só o sabemos, frequentemente, pela memória, que também carece de ser perfeita, do que sentimos quando vivemos tais momentos ou situações. Mas como a visão que temos, hoje e no passado e, assim a nossa avaliação é sempre subjectiva, também condicionada pela experiência do passado (em maior ou menos grau, dependendo da emocionalidade vivida nesses momentos) e, consequentemente, deturpada ou desfocada do real, só no futuro poderemos, eventualmente, pela distância adquirida pelo tempo, saber o que, do passado foi bom ou mau para nós.

A cada momento recebemos mensagens e enviamos outras. De umas podemos conhecer o significado, mas de outras talvez nunca o saibamos verdadeiramente. Nem nunca somos tão abertos de mente ao ponto de as conseguirmos interpretar sem condicionantes. E mesmo das que pensamos saber o significado, pode haver mais do que um sinal ou uma interpretação.

Assim, mesmo do nosso passado pode ficar para nós mesmos, muito por desvendar. E se do que conseguimos saber bem o significado podemos conhecê-lo já fora de tempo útil, imagine-se de quanto nos fica por saber da parte que nos foi impossível interpretar. A nossa mente é um grande mundo com muito poucas respostas. Pelo menos em tempo adequado. Condicionamo-nos a nós mesmos a cada instante, sem o sabermos.

E se fica tanto por saber, como interpretar, cabalmente, o significado que uma pessoa teve para nós, ou tem ainda no presente? Também isto só talvez o futuro nos traga alguma coisa. Ou não. Porque também depende do futuro que queremos ou conseguimos ter.

Por esta incerteza em grande escala se perdem, do nosso passado ou presente, muitas coisas boas, e pessoas, que pensávamos não o serem, ou que sabemos serem, mas não as soubemos aproveitar, e se ganham ou mantêm outras que só mais tarde saberemos não serem a nossa melhor escolha. Com sorte conseguimos manter ou encontrar muita situação ou pessoa muito positiva na nossa vida. Podemos ter influência, mas com a nossa subjectividade e experiência passada a influenciar-nos é mais a sorte que nos permite fazer boas escolhas. Não em tudo, mas em muita coisa.

Da nossa vida só sabemos algumas coisas com certeza. Que nascemos, que iremos morrer e temos o conhecimento possível do presente e do passado.

Mas também, desta reflexão pode ficar a ideia, que nem sue seja em parte alguns sinais que vamos recebemos, nos indicam parte do futuro que poderemos vir a ter. Sobre situações e pessoas.

Saber ler os sinais e mensagens que se nos vão apresentando é a melhor aprendizagem e o maior tributo que podemos dar ao nosso futuro.

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