Livros... mas não obras literárias



A moda dos livros sobre enigmas, mistérios, segredos nunca antes desvendados pegou de tal forma por todo o mundo que, hoje, é difícil entrar numa qualquer livraria e não dar de caras com uma dessas 'pérolas' da literatura em destaque. Estão por todo o lado.

Os seus títulos são ‘muito interessantes e sugestivos’...de tal modo que é quase possível ‘cloná-los’ ou fazer um pequeno jogo, juntando-os, mais ou menos assim:

“O Legado dos templários” (Steve Berry), descoberto com o “Mapa dos ossos” (James Rollins), ou “ O segredo de Shakespeare” (Jennifer Lee Carrell), que nos desvenda “O sangue dos inocentes” (Júlia Navarro) já muito antes encriptado no “Mapa do Criador” (Emílio Calderón)...

Enfim, qualquer pessoa mais criativa do que eu faria melhor deste ‘jogo’, mas é só um exemplo de alguns títulos que, afinal, dizem o mesmo. Há um mistério universal, de muito alcance para a humanidade, desvendado no livro ‘tal e tal’.

Para mim são títulos hilariantes e todos soam ao mesmo. Mas não significa isso que, entre tantas desgraças literárias, ou mesmo mediocridades, não exista um ou mais, entre tantos títulos idiotas, que tenha até algum valor, ou seja mesmo uma boa obra literária.

Mas também me parece que nem existe, em muitos desses livros, uma verdadeira intenção de conseguir conteúdo. Escreve-se com uma outra intenção, mais ou menos clara. A de vender, vender muito se possível, perseguindo o exemplo de um Dan Brown. E tanto maior será a probabilidade de sucesso se for possível conseguir um tema que choque, pela polémica e, como tal, cause sensação. Ora, só há uma forma de atrair leitores para autores, muitos deles desconhecidos. Pelo título, parvo ou não, mas que capte a atenção de público menos avisado, menos leitor portanto, e menos crítico.

Ler um desses livros é como levar um romance muito ligeiro para a praia, nos momentos em que tudo nos apetece menos...pensar. É como ver um desses filmes sem conteúdos, também vítimas de clonagem, que nem nos deixam espaço para pensar.

E isto também tem o seu lugar, nos momentos em que pensar é tudo menos o que precisamos fazer. É relaxar no ‘vazio’. O pior é depois, a sensação de tempo perdido e o espaço ocupado numa estante.

Mas parece-me que esta moda (pseudo) literária vai durar ainda muito tempo.

Comentários

Tives te a coragem de dizer oq ue eu penso desses livros..
Olá. Obrigado pelo comentário.
Pois, este tipo de livros, literariamente débeis, não me entusiasma, embora tivesse lido tds os 'Dan Brown' mesmo antes de sairem as traduções, mas apenas como leitura de praia...que é para o que servem. 'Literaruta acéfala' para mentes cansadas, ou a necessitar de descanso anual... Nem sempre tenho muito tempo, mas vou tentando, semanalmente, escrever alguma coisa. Continua a visitar-me e obrigado.
Alex

Mensagens populares deste blogue

Millennium de Stieg Larson: Os homens que odeiam as mulheres

A memória cada vez mais triste do 25 de Abril