A Educação em Portugal, uma visão verdadeiramente ...pouco optimista


Se há assuntos em que não acredito no sucesso da maioria das medidas políticas tomadas agora, por este Governo, ou no passado recente por outros, são a Educação e a Cultura.

Aliás, para a Cultura, quase que se poderia desactivar a intervenção do Estado pois com a excepção- e nesses casos, enfim, justificar-se-á- de apoios a companhias de teatro, que ninguém vê, enfim ou escolas ligadas à cultura e arte, a acção da nossa gestão pública mal se faz sentir.

Mas a Educação...

Leia-se este texto de José Carreira, oportuno e incisivo, sobre um dos aspectos mais relevantes, pela negativa, da educação dos nosso filhos, a começar em casa, com a utilização mais correcta das horas de todos, pais e filhos.

Ver Tv é um hábito que pode ser útil e até saudável. Mas consumir todo o tempo de uma família à frente da TV, sem mais uso a dar ao nosso tempo, pode até ser bem pior do que nem ligar a famosa 'caixinha'. E há tanto para fazer, dependendo das horas e dias:


  • ler- o mais importante de todos os nossos hábitos de cultura e lazer, porque além de ser lúdico nos ensina sempre mais alguma coisa nova, nem que seja o processo de escrita do autor, ou o seu universo intelectual. Mas há dois aspectos fundamentais, ligados à escrita: o processo em si, que nos tranquiliza, compensa outras emoções menos controladas, e nos apresenta um mundo de novas e fantáticas emoções, faz reflectir, concentrar e...descobrir mundos novos num espaço reduzido feito de papel e palavras escritas. Permite-nos em muito pouco espaço e de forma económica- nada equivalente a uma viagem, na qual podemos aprender ou não, muita coisa também, aprender imenso e transformarmo-nos como pessoas.

  • Ouvir música, apenas ouvindo e tentando compreender o que ouvimos. E nem com a música clássica ou jazz, proventura os géneros mais trabalhados, contruídos e por isso eruditos do universo musical. Com todos os géneros de música, dependendo dos nossos gostos ou apatências do momento

  • Fazer, construir algo, como 'bricolage'- desculpem não me lembrei de um termo português equivalente, neste momento em que escrevo- pequenas esculturas, construções com os filhos, puzzles, etc.

  • Conversar, apenas.

  • Desporto. E há tantos que ainda os portugueses não exploraram

  • Pintar. Quadros, objectos, tecidos.

  • Aprender e praticar música. Tocar um instrumento musical.

  • Escrever. Pequenas descrições do nosso dia e do dos outros, do que observamos. Do que pensamos. Do que sentimos.
O nosso tempo, dos portugueses em geral, é triste e pobremente aproveitado.

E o tempo é mesmo o "nosso recurso" mais escasso.

E pior, muito pior do que o nosso tempo, de adultos é o do nossos filhos. E com o uso que fazemos do nosso tempo, nosso e dos nossos educandos, condicionamos o seu interesse pelas coisas do mundo e pelas PESSOAS e, em consequência, o seu desempenho escolar.

Uma última nota, para mim de importância capital: não há reforma de ensino, não há sucesso de política educativa alguma, enquanto a escola não for vista como sede de conhecimento e saber. A educação dos filhos deve ser feita pelo apelo à sua vonatde de saber, mais, muito mais do que terem boas classificações ou competirem e se compararem com os outros. A vontade de saber é uma qualidade intelectual que nos marca pela vida fora. A competição escolar não. E uma coisa conduz sempre à outra. Se se estuda com esse prazer e gozo especial em saber sempre mais, o sucesso na escola virá de forma natural. Aprender com prazer e com uma vontade e ânsia de saber mais, é o que faz a diferença entre apenas bem sucedidos - na escola e mais tarde na vida profissional, e os verdadeiramente geniais.

E por fim...os professores também não comungam deste espírito, de vontade inabalável de transmitir conhecimento, com emoção, empenho e prazer. Nem me digam o contrário. É apenas um emprego para eles. Não para todos, obviamente. Mas neste aspecto os professores não saõ diferentes de outras classes profissionais. Uns sentem-se motivados outros, completamente desmotivados. Mas nesta classe profissional é bem a maioria esmagadora, os que não têm motivação, e bem assim, não demosntram empenho. E empenho pelo conjunto dos alunos, Não epans por um pequeno grupo. Ensinar é desgastante, mas não pelas razões normalmente apontadas. É-o para os empenhados, que se esforçam e preocupam por todos e por cada um dos seus alunos. E assim, esses, esse grupo reduzido de professores, em perfeito fluxo emocional quando do desempenho das suas funções, que sentem a recompensa pela muito gratificante actividade de fazer os outros saberem mais apresentam sempre um sorriso optimista e obtém ano a ano sucesso com os seus alunos. Os outros...apenas se queixam e ficam eternamente à espera que os 'outros', ministério, pais e até alunos, lhes facilitem a vida e resolvam os problemas. Não é, pois, o empregador o culpado.

A motivação tem de vir de cada um de nós, sempre. Tão só!

Criem emoção e sede de saber nas crianças e jovens e um dia este país muda. E só muda por isto. Tudo o mais será inútil se isto não for feito, a partir..deste momento.

Ser pessimista é não acreditar no poder da nossa capacidade de mudança. Ser positivo é lutar pela mudança e fuga deste marasmo educativo e cultural.

(obrigado José Carreira, pelo mote)

P.S...muito longo o texto, pois. Mas há assuntos que não nos permitem muita economia de palavras.




Comentários

José Carrancudo disse…
A motivação é uma coisa óptima, quando existe, mas não surge no meio de nada, nem consegue ultrapassar deficiências fundamentais que existem no nosso ensino. O País está a sofrer as consequências da crise educativa generalizada, resultado das políticas governamentais dos últimos 20 anos, que empreenderam experiências pedagógicas malparadas na nossa Escola.

Ora, devemos olhar para o nosso Ensino na sua integra, e não apenas para os assuntos pontuais, para podermos perceber o que se passa. Os problemas começam logo no ensino primário, e é por ai que devemos começar a reconstruir a nossa Escola. Recomendo a nossa análise, que identifica as principais razões da crise educativa e indica o caminho de saída. Em poucas palavras, é necessário fazer duas coisas: repor o método fonético no ensino de leitura e repor os exercícios de desenvolvimento da memória nos currículos de todas as disciplinas escolares. Resolvidos os problemas metódicos, muitos dos outros, com o tempo, desaparecerão, aparecendo o tão desejado sucesso escolar e a motivação de todos os participantes do processo educativo.

Devemos todos exigir uma acção urgente e empenhada do Governo, para salvar o pouco que ainda pode ser salvo.
Obrigado pelo seu comentário. E concordo com o que diz, que aliás está na linha do que escrevi, mas apenas me referi à ATITUDE em relação ao Ensino e Educação, em geral. E a outro aspecto fundamental da Educação, que tem muito mais a ver com as nossas actividades e responsabilidades como membros de uma família e como pais e educadores. Com tempo irei ler tudo que escrev na sua, vossa, análise aos problemas do ensino e às soluções apontadas. Acredite que sim. Pelo que entendi é profissonal do ensino ou está ligado a ele, de alguma forma. Peço-lhe que não veja o meu texto contra ninguém, mas apenas como uma reflexão, parcial, é certo, mas penso que legítima.
Se do lado dos intervenientes directos no Ensino e Educação, e activos nas suas responsabilidades, todos formos participativos nesta discussão, iremos ter, seguramente, um melhor resultado na inversão da tendência degenerativa que o nosso sistema educativo tem levado. Mas os intervenientes indirectos também deverão ter participação.

Sim é necessária uma acção urgente neste âmbito (mas sou favorável a uma boa descião mais do que a uma rápida descisão. Por vezes é melhor não decidir do que decidir depressa e mal, contrariamente à moda actual, e má, dos nossos governantes), por parte do Governo, mas a motivação a que me refiro é mais ambrangente e, por isso, talvez, com feitos mais persistentes. É a motivação pelo saber, pelo conheciemnto e aperfeiçoamanto pessoal, que todos, sem excepção (Professores, ministério, alunos, pais e sociedade em geral) devemos procurar em nós mesmos.

O sucesso social, económico e cultural quando chega, vem paar ficar. E isso aconteceu, por exemplo, nos países do Norte da Europa, em que o prazer pelo aperfeiçoamento e o espírito de auto-crítica está bem enraizado na sociedades respectivas.
Um sociedade mais informada, mais culta regenera a forma de viver, e permite que surjam novas ideias, de negócios ou de ciência. è uma sociedade de futuro.
O contrário é, precismente a nossa, em que, entre tantas coisas más, o gosto pela perseguição política, a tendência para esmagar e aniquilar opiniões diversas da nossa é agora perfeitamente personificada por este Governo.

Obrigado
Alexandre Fernandes

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