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A mostrar mensagens de outubro, 2004
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  Li o artigo de Clara Ferreira Alves, como sempre costumo, na revista "Única", do Expresso. Esta semana intitulava-se: "A leitora de Alexandria". Parece que o nosso passado, ocidental já foi mais "iluminado", para fazer referência ao tal "século das Luzes", ou mais florescente, prometedor, se pensarmos em termos da cultura, como veículo principal do desenvolvimento humano. Há muitas referências a esse passado, em que não se inibia, para não dizer censurava, uma parte da humanidade, uma parte das sociedades ocidentais. Precisamente a parte feminina. As mulheres que, por via da actuação de fanatismos religiosos, muito provavelmente ilegítimos em termos da sua fidelidade ao projecto inicial de diversas religiões -cristianismo, islamismo, principalmente – foram impedidas do acesso à aprendizagem, ao conhecimento, à cultura. No entanto, como atesta a menina de Alexandria, com cerca de 2200 anos isto não foi sempre assim. O que me deixa perplexo q

Scolari, Santana, o Ovo e o Gelo quente

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  Tudo à mistura. Assim mesmo. No fundo todos estes assuntos, ou abordagem a diversos assuntos, um de futebol, outro sobre a presença, hoje, do Primeiro-ministro na Assembleia da República, têm mais a ver uns com os outros do que à partida se imagina. Têm a ver com a personalidade, com o profissionalismo, com saber fazer a destrinça entre o importante e o acessório, entre a árvore e a floresta. Scolari fica indignando com certas atitudes de certa comunicação social. Tem razão. Teve razão no passado recente em relação a Vítor Baía (e sou dos que pensam que Baía ainda tem valor, mas...para 'prima-donas' não há paciência!). Teve e tem razão em relação nas escolhas que tem feito. Este homem, de H maiúsculo, tem de merecer o nosso respeito, de todos. E nem sequer mostrou, uma única vez, que o seu profissionalismo fosse obscurecido pela popularidade, pelo êxito. Tem modéstia bastante, e nem precisava de a mostrar. Parabéns pela atitude, grande Scolari. Santana, tem demo
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"Se ha dicho que todos los hombres nacen aristotélicos o platónicos. Ello equivale a declarar que no hay debate de carácter abstracto que no sea un momento de la polémica de Aristóteles y Platón; a través de los siglos y latitudes, canbiam los nombres, los dialectos, las caras, pero no los eternos antagonistas. Tambbién la história de los pueblos registra una continuidad secreta. Arminio, cuando degolló en una ciénaga las legiones de Varo, no se sabía precursor de un Imperio Alemán; Lutero, traductor de la Biblia, no sospechaba que su fin era forjar un pueblo que destruyera para siempre la Biblia; Christph zur Linde, a quién mató una bala moscovita en 1758, preparó de algún modo las victorias de 1914; Hitler creyó luchar por un país, pero luchó por todos, aun por aquellos que agredió y detestó. No importa que su yo lo ignorara; lo sabían su sangre, su voluntad." El Aleph, Jorge Luis Borges 
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Last night I stayed watching the debate Bush-Kerry: One man was fighting for to give a positive image of the things he have done- or the things he have not. The other one was trying to clearly explain the ideas and plans he has for his country and the world. One man was replying questions. The other one, proposing projects, programs, plans. One was constantly rising from the chair, nervously, unstable, trying to appear calm, smiling. The other was calm, confident, advancing each time new subjects and matters, not only replying. Guess the names of each one? 
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No regresso a casa, começou. A chuva. Que anuncia o Outono. Lembrei-me, lembro-me sempre, é reincidente, todos os anos, por estas alturas, por estas primeiras chuvas, de um filme esplêndido do Ingmar Bergmann: Sonata de Outono. A música, as leituras, a serenidade dos espaços interiores, conjugavam-se, na perfeição com a chuva que no exterior visível diversas vezes no filme através de grandes janelas, marcava aquele tempo, aquela época. Uma verdadeira sonata. É desse ambiente, desses espaços que me apetece falar, ou não falar e guardar para mim, quando chegam estas chuvas. Quando, na convulsão da confusão criada, talvez um tanto artificialmente, por políticos e meios de comunicação, me apetece, compulsivamente recolher-me...apreciando e deliciando-me com a chuva lá fora, com a música e a leitura cá dentro. Hummm, o cheiro da terra húmida (dos actinomicetas- bactérias filamentosas, que com tal designação tão hermética são de facto os organismos responsáveis pelo aroma a terra molhada, po

Gongar pela manhã?

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Chegar ao café perto do local de trabalho e ter logo um recital de pires e chávenas que alguém ia recolhendo da máquina e emparelhando...já é quase insuportável, não estivesse já um tanto acostumado a esta típica poluição portuguesa que, entre outras coisas, bloqueia totalmente a audição de uma chamada por telemóvel. Agora... ainda ter, para além dos pratos, chávenas e talheres com ruídos e faíscas, um indivíduo com ar indolente, tipo, que hei-de fazer hoje do meu dia, a gongar uma qualquer melodia (ou anti-melodia), entre o inaudível e o irritante...!? Os cinco minutos, no máximo, que esta operação de ingestão de cafeína demorou, foram uma colherada a mais, no stress que se iniciava, após uma meia hora de voltas com o carro na busca de estacionamento. Tudo se alterou apenas, quando voltei à rua, e regressei ao espantoso sol lisboeta, de intensa luz branca, temperado, embora, com um vento em crescente que anuncia já o Outono. Enfim, bendita Sexta-feira. Com "gongo&quo
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Ninguém fala do verdadeiramente essencial – daquilo que diferencia os povos e os países, que faz a destrinça entre os que asseguraram o seu futuro, através de uma sociedade criativa, informada, culta evolutiva, e os que são levados na onda comandada pelos primeiros. Ninguém fala da nossa falta de cultura, pior da nossa falta de amor por ela, pela vontade de aprender, evoluir, de criarmos gerações informadas, com capacidade de se auto -regenerarem e renovarem em tempos mais difíceis. Não há cultura. Não se lê, não escreve, excepto sobre coisas comezinhas, sobre "casos" tipo Marcelo R. Sousa, etc. As coisas são o que são. Estas coisas. Não as eternizemos, mas do que merecem. Pior mesmo é a nossa classe dirigente – política e empresarial, esta ainda pior do que aquela, acreditem. Que chova este fim-de-semana e lave tudo isto. A todos nós! Uma boa chuvada e música e leituras, das boas, já agora... que para Records e Bolas já temos de sobra...Bolas!!!
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À espera de um Outono cujos primeiros sinais parecem anunciar-se para este fim-de-semana, apetece pôr-me a pensar que este é O país que se inventou, com o propósito de nos permitir, à falta de melhor entretenimento, escrever umas quantas coisas nos nossos blogues domésticos...
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Isto sim. Tem conteúdo. Existe. Tem espessura. Não é sensaborão.

Sem sal.

Não sabe a nada. Este Governo não sabe a nada. O Santana Lopes não sabe a nada (ou...não sabe nada, dizem-me). Está muito longe dos tempos de irreverência -quase a roçar uma irresponsabilidade pueril, que lhe davam uma frescura política promissora. Mas isto já começou algum tempo antes de ir para onde está agora. Já antes prometia tirar a paciência que ainda íamos encontrando para o aturar, quando chegava aos Congressos do PSD e agitava as hostes. Já não sabe a nada. É sensaborão. Mas até pode ser perigoso, um pouco de sal é preferível. Melhor ter sal e risco de tensão alta, do que já nem sentir nada. Não há tensão, nem alta nem baixa. O PS não sabe a nada. O Sócrates que vá lá para o Brasil – coitados deles que não fizeram mal ao mundo, mas víamo-nos livres dele. Vá para a Cochinchina! Não tem graça, nem conteúdo. Só tem arrogância, ambição, vaidade, narcisismo. E é sensaborão. E sabe o quê, de quê!? Bahhh! A comunicação social...bahhh a nada nos sabe. Só cria "cas

De novo com o pé...no pântano? Ou de corpo inteiro sem salvação

Lembramo-nos todos do pântano de Guterres, não é? Parece que foi há muito tempo, que o ouvimos declarar que se ia embora – qual significativa declaração de quem sente que chegou ao fim de uma "missão cumprida" – porque o país se encontrava num pântano político (e económico e social). Depois, foi o que sabemos. Uma tentativa quase desesperada e reconhecidamente apressada, mas não atabalhoada (e parcialmente conseguida) de um governo de Durão Barroso para nos atirar a todos a vara a que nos devíamos agarrar para sairmos de tal lamaçal que nos puxava insistentemente para as profundezas até à asfixia total. Mas com Durão infelizmente a coisa não durou o suficiente, pois outros valores (inquestionavelmente tão ou mais altos o levariam para longe dos nossos destinos imediatos - aliás o próprio António Costa, seu adversário na política reconhecia no tempo certo a importância e a honra do cargo para Portugal). Tudo isto é, penso, para quem queira ser justo com a sua honestidad